Debate sobre Ensino Religioso na Câmara dos Deputados, proferido por Márcia Bianch, presidente do conselho de Elderes da Igreja de Bruxaria e Wicca do Brasil (IBWB)

mar 5, 2012 by

No dia de 2011, a IBWB foi uma das entidades presentes à audiência pública sobre modificações na legislação sobre o ensino religioso na Comissão Permanente de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.
De início, quando da abertura de inscrições aos oradores representantes das entidades religiosas, a Presidente Márcia Bianchi (Mavesper Cy Ceridwen) teve dificuldade em fazer a presidência da Mesa aceitar que havia uma Igreja representando a bruxaria. Fruto do desconhecimento, esse problema inicial foi sanado em conversa com o Deputado e a inscrição regularmente aceita. Tal situação gerou a oportunidade de levantar o debate sobre a grande necessidade de informar às pessoas que bruxaria é sim religião,  e precisa ser tratada com o respeito devido, uma vez que o conceito popular sobre o termo ainda vem carregado de muito preconceito.
A discussão travada na audiência pública tratou do PL instruir o Projeto de Lei nº 309, de 2011, que altera o art. 33 da Lei nº 9.394/96, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino religioso nas redes de ensino do país.

Compuseram a Mesa, além dos Deputados, Edna Martins Borges, Coordenadora-Geral da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação; Marga Janete Ströhner, Coordenadora de Diversidade Religiosa da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e Elcio Cechetti Coordenador do Fórum Permanente de Ensino Religioso (FONAPER).

Na ocasião de sua manifestação a presidente do conselho de Elderes da IBWB, Mavesper Cy Ceridwen, colocou em relevo o problema de que as religiões minoritárias, entre elas a bruxaria e a Wicca sofrem com a disseminação da idéia de que ensino religioso deva ser pautado pelas crenças das religiões majoritárias. Classificou tal ato como violência perpetrada contras as crianças pagãs ou de outros credos não cristãos. Também mencionou que isso não se restringe às aulas de religião, mas sim se espalha por outras matérias, com proselitismo disfarçado de ensino regular, por exemplo, quando uma professora de português utiliza versículos bíblicos para aula de análise sintática, ou uma professora de música ensina hinos evangélicos  e exige que todos os alunos cantem. Essa “agenda oculta” de pessoas que querem fazer do exercício do magistério uma extensão de sua vocação de catequese precisam ser impedidos de realizar essa violência. A presidente destacou que é preciso que quem se empenhe na questão do ensino religioso realmente garanta que o estudo será comparativo, abrangerá todas as religiões existentes no Brasil e até mesmo o fenômeno da não religião, o ateísmo, sem valoração diferente a nenhum deles. Somente essa apresentação científica, sem um viés proselitista fará dessa matéria um instrumento de liberdade ao invés de opressão.