Vereadora Lucimara Passos vai à tribuna da Câmara sem calcinha e desafia Agamenon Sobral

nov 26, 2014 by

Lucimara calcinha

Declaração de vereador sobre suposta notícia de mulher que tentou casar sem calcinha gera polêmica

No Dia de Combate à Violência contra Mulher, o tema principal da Câmara dos Vereadores de Aracaju foi a calcinha da vereadora Lucimara Passos (PCdoB), erguida por ela enquanto discursava da tribuna da Casa, usando apenas seu vestido e um terninho. A vereadora estaria ali rebatendo declarações do vereador Agamenon Sobral (PP), que se teria criticado duramente uma mulher que tentou casar-se sem calcinha, mas foi barrada pelo padre. “Ela devia ganhar uma surra de couro cru e um banho de sal”, disse o vereador, comentando sobre o tema, em entrevista a um programa de rádio na manhã desta terça-feira, 25.

A suposta notícia especulada nacionalmente em 2012, afirmando que o fato aconteceu em Alagoas, dizia que a igreja estava com tapete espelhado e o padre teria visto tudo. A especulação chegou a ser taxada de falsa notícia. No entanto, um vereador do Espírito Santo, Ozias Zizi (PRB), chegou a cogitar um projeto que proibisse mulher de casar sem calcinha, e agora o vereador Agamenon estaria seguindo a mesma ideia.

Segundo Lucimara Passos, comentando sobre a possibilidade de colocar o projeto, Agamenon já havia mostrado na Câmara indignação sobre o caso especulado da noiva sem calcinha. “Ele repetiu mais de uma vez da tribuna da Casa que uma mulher pelo fato de ter tentando se casar sem calcinha merecia uma surra. Foi um comportamento desprezível e repetido hoje no rádio, que ainda insulta a violência, e julga a mulher ainda merecedora de castigos e surras”, recriminou ela, sustentando que Agamenon havia também se utilizado de palavras de baixo calão para classificar a noiva citada.

A vereadora disse ainda que se sentiu atingida com o fato, e deixou o clima tenso na Câmara, desafiando: “hoje vim com vestido mais curto e com minha calcinha no meu bolso. E alguém aqui pode me chamar de vagabunda ou alguém pode dizer que tenho que ser surrada porque minha calcinha está no meu bolso? Os senhores não têm esse direito!”, bradou a vereadora em discursando da tribuna. “Os senhores não podem me julgar ou julgar mulher nenhuma em função da roupa que veste ou da calcinha que usa ou que não usa! Essa calcinha não define meu caráter”, completou ela. Lucimara foi aparteada pelos vereadores Emmanuel Nascimento e Iran Barbosa que concordaram com sua posição, mas negou abrir espaço para o vereador Agamenon, presente também ao plenário da Câmara.

Combate à violência
Na oportunidade, Lucimara destacou que desde 1981, a data 25 de novembro é marcada pelo o Dia Mundial do Combate à Violência contra Mulher, e abre um período de campanhas por este defesa até o dia 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos. “Essa luta é pela igualdade de gênero e de oportunidade, mas, sobretudo, é pela libertação da opressão dos homens. Infelizmente, ainda nos deparamos com homens que se utilizam da força física para violentar mulheres. E mais triste somos nós como legisladores vermos um vereador que se utiliza da tribuna desta Casa para estimular a violência como fez Agamenon na semana passada”, acusou ela.

Munida com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), referente ao tema, a parlamentar frisou a importância dessa luta em função da violência, que ainda é crescente. Na Tribuna, Lucimara mencionou que uma em cada três mulheres no mundo já sofreu violência física ou sexual, cerca de 120 milhões de meninas já foram submetidas a sexo forçado e 133 milhões de mulheres sofreram mutilação genital. “Não é à toa que esses dados são tão estarrecedores. Infelizmente, nós ainda nos deparamos com certo tipo de comportamento na sociedade que ainda enxerga a mulher de tal maneira que se reproduz com esse comportamento que julgo desprezível e abominável que incita a violência e  ela, na interpretação errônea de alguns, seja merecedora de castigo ou de surra”, dialoga.

A vereadora que já enfrentou diversos embates com o vereador Agamenon Sobral, disse que continua com seu protesto se retirando do plenário todas as vezes que o vereador se dirige à tribuna da Casa. “Fui diversas vezes agredida nessa tribuna e solicitei quebra de decoro e infelizmente até hoje não recebi resposta da comissão de ética, então vou continuar com meu discurso silencioso. Mas na minha visão essa Casa fechou os olhos com os crimes que esse vereador fez da tribuna”, disse ela cobrando providências.

Agamenon: “Sem calcinha, problema dela!”
Comentando a respeito, ainda em plenário, o vereador Agamenon julgou dispensável a presença de Lucimara Passos na Câmara. “Para mim a presença dela não influência em nada nesta Casa. E com relação à questão da calcinha, se ela acha interessante uma cidadã ir para igreja, em seu casamento, sem calcinha, é um direito dela. Como também é direito do povo e do vereador contestar. Sobre a Comissão de Ética, eu também quero que seja efetivada porque já cansei de provar razão várias vezes em tudo que trato aqui. Não tenho medo da comissão. E digo à vereadora Lucimara que ela venha para tribuna de calcinha ou sem, como quiser, o problema é dela!”, disse ele.

Agamenon Sobral faz chacota e joga `bom ar´ na Câmara
agamenon_sobral_bom_ar_camara_26112014 Vereador diz que é para limpar ‘sujeira’ da calcinha

O vereador Agamenon Sobral (PP) chegou a um outro extremo na manhã desta quarta-feira, 26, na C
âmara de Vereadores de Aracaju. Antes de usar a tribuna para falar sobre o relatório do Tribunal de Contas do Estado que revela irregularidades nos contratos de médicos com a rede pública, o parlamentar acionou o spray de um desodorizador e explicou, alegando que estaria desinfetando os efeitos da peça íntima “suja” exibida pela vereadora Lucimara Passos (PC do B),na manhã do dia anterior, para fazer um ato contra o pronunciamento de Sobral e de repúdio à violência contra a mulher.

O vereador chegou à Câmara de Vereadores com o desodorizador envolvido num envelope de cor amarela e subiu à tribuna do parlamento municipal, acionando o spray. Ele não explicou o motivo ao microfone, mas não se intimidou em justificar o gesto aos jornalistas. “A vereadora Lucimara Passos trouxe uma calcinha suja para o plenário ontem e infectou toda a Câmara, por isso vou usar o bom ar”, disse, sem esconder a ironia.

Esta última polêmica envolvendo Agamenon Sobral e Lucimara Passou ganhou repercussão negativa entre os próprios vereadores de Aracaju, mas nenhum deles [à exceção de Lucimara] se prontifica a abrir procedimento por quebra de decoro parlamentar contra Agamenon Sobral. É unânime, entre os vereadores ouvidos pelo Portal Infonet, que ambos cometeram excessos na tribuna da Câmara Municipal de Aracaju.

O presidente da Comissão de Ética, Agnaldo Feitosa (PR), considera que o exagero partiu da vereadora Lucimara Passos (PC do B) à medida que exibiu uma peça íntima na tribuna para fazer o protesto contra Agamenon Sobral. “Foi uma discussão que abalou a estrutura desta Casa. Ela [a vereadora Lucimara Passos] expôs esta Casa ao ridículo ao mostrar a peça íntima, que não precisava ser mostrada. Ela exagerou”, ressaltou o presidente da Comissão de Ética.

A vereadora Lucimara Passos revelou que abrirá novo procedimento junto à Comissão de Ética e vai adotar novos procedimentos contra o vereador Agamenon Sobral, uma vez que a Comissão de Ética está desativada por estar com sua composição incompleta. “Incitação à violência no Brasil é crime e ele [Agamenon Sobral] assinou este crime quando disse que a mulher que tentou casar sem calcinha merecia uma surra e após a surra de chicote jogar sal. Não dá para ouvir uma incitação dessa e ficar calada”, ressaltou a vereadora.

Ao Portal Infonet, Lucimara Passos informou que também pedirá a instalação de uma Comissão Processante no âmbito do Legislativo Municipal para apurar a conduta do vereador Agamenon Sobral e também provocará o Ministério Público para adoção de medidas judiciais.

Fonte: http://www.clicksergipe.com.br

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Assista a declaração polêmica de Agamenon: