Encantos do Peru: parte 02

mai 28, 2015 by

2ª dia, Cusco.

City Tour: Qorikancha, Saqsayhuaman, Q’enquo, Tambomachay e Pukapukara.

Pela manhã, no dia seguinte, acordamos tarde e perdemos o café da manhã. Então, não chegamos a experimentar o café da manhã do Dragon Fly, pois no outro dia, acordamos muito cedo para a trilha. Saímos do hotel, andamos um pouco, e demos de cara com uma feirinha de rua, que tem todo sábado. E tivemos nossa primeira experiência de pechincha e inocência. A boleto turiticoprimeira      barraquinha que fomos olhar, a moça disse que ainda não tinha vendido nada do artesanato, que era ela que fazia, e que não encontraríamos em lugar nenhum. Comprei uma cruz andina com a trilogia inca, tamanho médio, e uns chaveiros de Alpaca, do casal sol e lua, do Condor, e de Tumi, o deus da medicina. Andando pelas outras barraquinhas, o discurso era o mesmo, como se os artigos só vendessem lá. Mas ao longo da viagem percebemos que em TODO canto tem os mesmos artigos. Só comprei acredito, que um artesanato feito realmente pela pessoa que me vendeu. Foi uma pachamama, que não vi mais em canto nenhum, e nem parecido. Depois dessa feirinha, descobrimos um restaurante bem legal, que tinha um salgado de verduras, acho que tinha ovo na massa, mas comi :/ estávamos com muita fome, e eu não pesquisei sobre alimentação vegana lá antes de viajar, tive uns problemas em relação a isso L  Depois de comer, fomos procurar uma agência de viagens para fazer o City Tour. Compramos o boleto turístico, que custa 130 soles e vale para 16 entradas de sítios arqueológicos, museus, shows. E pagamos acho que 20 soles para irmos no ônibus da agência fazer o passeio para Qorikancha, Saqsayhuaman, Pukapukara e Tambomachay.

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Não sei se rio ou se choro

Quando descemos do ônibus e fomos andando em direção a nossa primeira visita fomos abordados por várias cusquenhas, vestidas de forma tradicional e com bebês alpIMG_20140712_141006978acas em seus braços. Não tem como não achar fofo aqueles bebezinhos quietinhos nos braços, mas ao mesmo tempo achei horrível, uma exploração com aqueles dóceis animais, que ficam ali o dia todo de braço em braço tirando fotos. No entanto, ao ver eu parada olhando, uma das mulheres jogou a alpaquinha nos meus braços, e sim, disse para Andreas tirar foto, ela já estava nos meus braços, não pensei muito, foi muito rápido, acho que quis registrar o que acontecia, e a tadinha chorava querendo voltar, devolvi ela, demos 01 dólar, e sai resmungando para Andreas sobre o que tinha acontecido, fiquei muito triste e aborrecida. No primeiro dia, já tínhamos sido abordados por uma senhora e uma alpaca, e só olhamos, enquanto ela pedia one dólar. Mas aprendi, e não irei ser mais passiva na próxima vez :(

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A primeira parada foi no antigo Palácio Qorikancha, ou Templo do Sol. Era um local de rituais e oferendas ao deus Sol, cultuado pelos Incas. Foi a construção mais importante do Império Inca. Em 1534 os espanhóis construíram uma Igreja e um convento sobre o templo. De forma interessante, o grande terremoto de 1950, destruiu a construção dos padres dominicanos e expôs o Templo do Sol, que resistiu firmemente ao terremoto, graças às técnicas incas de construção.

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Esperamos em um belo terraço a organização dos grupos, para começarmos a visitar o local, nossa guia foi Regis, uma simpática cusquenha, eu e Andreas gostamos muito dela. Primeiro observamos uma réplica de uma placa de ouro, retratando com símbolos, a cosmologia andina, feito originalmente por Juan de Santa Cruz Pachacuti Yamqui em 1613.

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IMG_20140712_142917538Depois fomos ver as construções dos antigos cômodos do palácio. Aquelas famosas pedras cortadas com precisão incrível, e encaixadas sem argamassa. Tinha algumas pedras soltas, e nos mostraram como era feito o encaixe, que vocês podem observar na foto abaixoIMG_20140712_144812246. As construções Incas eram bastante simétricas e simbólicas, os formatos das janelas, a localidade espacial, tudo tinha um sentido em consonância com a visão cósmica desse povo. E a fortificação robusta era para prevenção de desastres dos intensos terremotos.

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A simetria andina

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Maquete de como era a edificação, templo, antes da invasão dos espanhóis e a transformação do local em convento. Essa parte dourada era ouro. Este era usado apenas para fins religiosos. A foto foi tirada no Museu de Qorikancha.

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A segunda parada foi em Saqsayhuaman, ou sex woman, como brincou nossa guia. Pensa-se que correspondeu a uma fortaleza militar, onde se treinava os guerreiros. Porém há dúvidas a respeito, já que, conforme sua arquitetura, poderia haver tido um fim religioso e haver sido construído como um grande templo ao deus Sol. E foi essa última explicação que nossa guia explicou. Inclusive ela contou que foi o local onde Pizarro (os espanhóis), venceu Atahualpa, o último inca. Mas nos anais da História, Atahualpa foi capturado na batalha de Cajamarca, na cidade de mesmo nome.

Outro ponto curioso dessa edificação é a forma em que foi construída; conta com grandes blocos de pedra, alcançando os maisIMG_20140712_160051202 altos cerca de nove metros. Regi, nossa guia, com sentimento nacionalista, deixou claro que foi o seu povo que realizou tais feitos tecnológicos, e não ETs. Quando Cusco foi invadida pelos espanhóis, seus sacerdotes cientistas foram mortos, e com eles a sabedoria de como ter realizado essas magnificas construções.

As ruínas de Saqsayhuaman estão localizadas a dois quilômetros ao norte de Cusco. Temos uma singular vista panorâmica dos arredores, incluindo a cidade citada. Ainda podemos visualizar o Cristo do Cuscovado, um pequeno cristo comparado com o do Corcovado no Rio, mas que nos mostra a aculturação da religião dos invasores sobre os descendentes do antigo povo andino.

Os Incas valorizavam muito a simbologia, a zona onde se encontra Saqsayhuaman corresponde, no desenho da cidade de Cusco, à cabeça de um puma. Pachacuti Inca Yupanqui, o nono Inca, redesenhou a cidade de Cusco e lhe deu a forma de um puma deitado (o puma é o guardião das coisas terrenas).

Hoje em dia, acontece em Saqsayhuaman no solstício de inverno, dia 24 de junho, o festival anual de Inti Raymi, onde se representa o ritual incaico de culto ao deus sol ou Inti. As pessoas do lugar se mobilizam com fantasias coloridas e realizam danças típicas repetindo assim a tradição de seus antepassados. Como visitamos em julho não pudemos presenciar essa apresentação. Apesar de que, eu iria preferir procurar algum grupo que celebrasse esse rito com fins religiosos, como era realmente realizado, e não como espetáculo para turista.

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A guia diz para tocarmos nas pedras e percebemos que a pedra do altar é mais quente que a do teto.

A terceira parada foi em Q’enquo, ou templo de Pachamama.

Fiquei super emocionada de estar nesse local. Essa deusa andina, parece ser a única divindade pré-cristã que permanece na religiosidade dos cusquenhos. Mas na frente tratarei desse assunto. Entramos e tocamos nas pedras, em que há séculos se faziam honras  a deusa da terra andina. O local tinha literalmente um clima diferente, a próprio altar e seu teto tinham temperaturas diferente como enfatizou nossa guia, solicitando que tocássemos em ambos e sentíssemos. No local, lembrei da minha bebê Kali, que havia voltado para os braços de Pachamama, EXATAMENTEIMG_20140712_170638980 há um ano.

Ao voltar para o ônibus comprei um milho, que é bem diferente do nosso, ele tem o sabor adocicado. E posteriormente, descobrimos que existem mais de 1000 tipos de milho no Peru.

A quarta parada foi Tambomachay, que era um lugar destinado ao culto à água e para que o chefe do Império Inca pudesse descansar. Este lugar também é denominado “Banhos do Inca”. Para chegar lá demos uma andadinha de uns 05 minutos, e no caminho para variar, tem vários vendedores de produtos típicos da região, mas a maioria como já disse, industrializados, encontramos os mesmo em diversos locais. No entanto, uma peça me chamou atenção, que foi uma Pachamama, o vendedor, me garantiu que foi ele quem fez, e realmente ao longo de toda viagem, não vi nenhuma igual. Arrependi-me de não ter comprado o parceiro de Pachamma.

As aguas de Tambomachay são consideradas sagradas, são puras e curam. A construção possui o formato das “janelas” de toda arquitetura Inca, que são em quatro, representando os territórios andinos, onde Cusco era o centro do império.

Deixei para comprar a Pachamama na volta e para variar eu e Andreas éramos os últimos a entrar no ônibus, pois eu gosto de ver tudo direitinho :P

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Na quinta parada já era noite, foi em Pukapukara, e não tinha muita coisa para ver diferente do que já havíamos visto. As informações tradicionais indicam que quando o Inca se preparava para visitar os banhos de Tambomachay, a formidável comitiva de soldados, dançarinos e outros se hospedavam em Pukapukara que era um quartel e tambo (hospedagem).

Ao voltar para o centro, descemos antes da parada mais perto do hotel, para procurarmos um local para jantar. Eu queria tomar uma sopa, e não estava me sentindo muito bem. Esqueci de contar no “primeiro dia”, nossa busca por chá de coca. Eu estava me sentindo um pouco tonta, e achei que o chá de coca serviria. Fui nas farmácias, e falava quero coca kkkk e eles pareciam que não entendiam e diziam que não tinha. Fiquei arretada, como que não tem coca em Cusco oras. Então, encontramos em uma vendinha, balas de coca. Compramos de dois tipos, uma tinha o gosto de mato mesmo, e a outra de confeito. Mas essa última tinha leite, então deixei de lado. Masss ao voltarmos para o hostel, adivinhem!? Lá tinha chá de coca à vontade, e é horrível o gosto, tomei metade do copo. Mas voltando para a sopa, entramos em um restaurante com estilo chinês/japonês, e tomei uma sopa de verduras. Achei super estranho, pois as verduras eram mega grandes, não eram cortadinhas. Depois da história do chá de coca, fomos para o quarto, e não estávamos nos sentindo muito bem, e estávamos querendo desistir ou adiar a trilha, que seria iniciada no dia seguinte, pois tínhamos que acordar super cedo, porque nosso guia passaria para nos pegar de 4:30. Liguei para ele questionando se poderia adiar ou desistir, já havíamos pago metade no Brasil, e ele disse que não podia, pois ele já tinha tido gasto para a organização da trilha, e nos incentivou a ir. Graças a todos os deuses andinos, fomos simmmmm, e foram os 5 melhores dias da minha vida!!!

No próximo post conto sobre essa jornada fantástica!