CIA planejou envenenar Fidel com charutos e bactéria

mar 12, 2013 by

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da Livraria da Folha

Charutos alucinógenos, depiladores, envenenados, explosivos, botas e roupa de mergulho contaminadas, caneta envenenada e spray de LSD.

Esses objetos extravagantes fizeram parte da “Operação Mongoose”, composta por planos que a CIA (Central Intelligence Agency) elaborou no início da década de 1960 para tentar eliminar Fidel Castro.

A agência utilizou uma série de ingredientes incapacitantes e mortíferos contra o líder. As próprias situações esdrúxulas cogitadas descartaram a aplicação dos planos.10251146

Essas informações podem ser encontradas em “CIA: Manual Oficial de Truques e Espionagem”, do consultor histórico da CIA H. Keith Melton e do ex-diretor do escritório de Assistência Técnica da CIA Robert Wallance.

O manual reproduz os manuscritos que o mágico norte-americano John Mulholland (1898-1970) elaborou para a CIA. O volume descreve os truques que Mulholland desenvolveu para que os agentes pudessem repassar documentos, esconder pequenos objetos e conseguir provas sem levantar suspeitas.

Mulholand escreveu dois manuais –um sobre prestidigitação (ilusionismo) e outro de técnicas de comunicação alternativas. Por segurança, todos os exemplares foram destruídos em 1973, mas os autores os reencontraram e confirmaram a autenticidade dos textos em 2007.

Veja abaixo os planos utilizados pela CIA contra Fidel.

SPRAYS E CHARUTOS ALUCINÓGENOS. Um químico bio-orgânico propôs aplicar um spray de LSD dentro do estúdio de rádio do ditador, em Havana, para provocar alucinações nele. Pelo fato de Fidel gostar de fumar charutos, outra ideia foi impregnar seus charutos com um produto químico especial, para produzir desorientação temporária durante seus discursos ao vivo para o povo cubano.

BOTAS CONTAMINADAS. Em suas viagens ao exterior, Fidel muitas vezes deixava as botas fora dos quartos de hotéis, à noite, para serem engraxadas. A CIA pensou na possibilidade de polvilhar o interior das botas com sal de tálio, agente depilador poderoso, que provocaria a queda de sua barba. O produto químico foi obtido e testado com sucesso em animais, mas o plano foi descartado depois que Fidel cancelou a viagem planejada.

CHARUTOS DEPILADORES, ENVENENADOS E EXPLOSIVOS. Semelhante à ideia da bota polvilhada com um produto químico, os charutos de Fidel podiam ser tratados com um especial de charutos seria entregue a Fidel durante uma apresentação no programa televisivo de entrevistas de David Susskind. No entanto, depois que um agente veterano da CIA questionou como a operação podia assegurar que somente Fidel fumaria os charutos, a ideia foi abandonada.

Em outra tentativa, um agente duplo cubano foi recrutado para oferecer a Fidel um charuto tratado com toxina botulínica, que causa a morte em segundos. Os charutos foram dados ao agente em fevereiro de 1961, mas ele não conseguiu executar o plano. Por fim, o serviço de segurança cubano criou uma marca de charutos, exclusivamente para Fidel, a Cohiba, para proteger sua provisão de charutos de serem utilizados como meios para futuras tentativas de assassinato.

Uma terceira ideia consistia em colocar uma caixa de charutos explosivos em um lugar que Fidel visitaria durante sua ida às Nações Unidas e “estourar seus miolos”. O plano não foi executado.

Além dos charutos, Fidel gostava do mar e das praias cubanas, o que ofereceu um local operacional para:

EXPLOSÃO DE CONCHAS. Em 1963, a TSS foi incumbida de construir uma concha recheada com explosivos. Esse dispositivo seria colocado perto da praia de Varadero, em Cuba, onde o ditador geralmente ia fazer pesca submarina. A CIA descartou a ideia, considerando-a impraticável depois que falhou em uma avaliação operacional.

ROUPA DE MERGULHO CONTAMINADA. Uma proposta foi feita a um intermediário para presentear Fidel com uma roupa de mergulho e um aparelho de respiração contaminados com a bactéria da tuberculose. A CIA conseguiu uma roupa de mergulho e a polvilhou para produzir a micetoma, uma doença de pele crônica. O plano falhou quando o intermediário escolheu uma roupa de mergulho diferente para dar de presente.

CANETA ENVENENADA. Quase na mesma época em que o presidente Kennedy foi assassinado em Dallas (22 de novembro de 1963), um agente da CIA encontrou-se secretamente com Rolando Cubela, agente cubano, em Paris, e forneceu uma caneta envenenada para matar Fidel Castro. O dispositivo, uma caneta esferográfica Paper Mate, foi modificado, ocultando uma pequena seringa hipodérmica para injetar veneno Black Leaf 40. Mesmo uma picada muito leve resultaria em morte certa, mas o agente teria tempo de fugir antes dos efeitos se manifestarem. Contudo, após tomar conhecimento da morte de Kennedy, Cubela reconsiderou o plano e descartou a caneta antes de voltar para Cuba. Uma década depois, em 1976, a política norte-americana sobre ações letais contra líderes estrangeiros foi formalizada pelo presidente Ford, quando ele editou a ordem executiva 11905, proibindo os assassinatos políticos.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/