Máfia dos cemitérios: advogado pagava em vão por túmulo

nov 21, 2013 by

cemiterio

Túmulo onde a avó de Zolmanaro Calixto estava sepultada há oito anos, no Cemitério de Santo Amaro, estava ocupado por outro corpo. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press

Ossos da avó dele já haviam sido retirados sem seu conhecimento para dar lugar a outros restos

O advogado Zolmanaro Calixto, 25 anos, levou um susto há um mês ao receber o telefonema de uma tia. Ele foi comunicado que o túmulo onde a avó Francisca Souza Costa dos Santos estava sepultada há oito anos, no Cemitério de Santo Amaro, estava ocupado por outro corpo. A família dele pagava anualmente de R$ 200 a R$ 400 à irmandade católica Nossa Senhora do Terço, proprietária do túmulo. Tanto a direção do cemitério quanto o frei Luís de França Fernandes, responsável por assinar as notas fiscais do aluguel da vaga, foram procurados. Porém, nenhuma resposta sobre onde os ossos da falecida estavam foi dada. A família decidiu entrar com ação na Justiça por danos morais e materiais. Já a polícia investiga o religioso por estelionato.

“Descobrimos que fomos lesados há pelo menos um ano, pois pagávamos o aluguel, mas outro morto estava na catacumba da minha avó, que teve os ossos levados para outra vala. Estamos lutando para tê-los de volta”, disse o advogado, que está juntando documentos para dar início ao processo na Justiça contra a irmandade e a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), que administra os cemitérios do Recife. Ele prestou depoimento na segunda-feira na Delegacia da Boa Vista, responsável por apurar as denúncias de venda ilegal de túmulos em Santo Amaro. Entre os envolvidos estariam padres, integrantes das irmandades e funcionários de funerárias. Recentemente, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, também foi ouvido pela polícia nacondição de testemunha.

O frei Luís de França Fernandes, administrador da Paróquia Nossa Senhora da Penha, no bairro de São José, prestou depoimento ontem. Por telefone, disse ao Diario que não estava autorizado a falar, já que a Arquidiocese de Olinda e Recife decretou intervenção nas irmandades. “Não tenho conhecimento sobre isso”, respondeu.“O delegado também me perguntou, mas não sei dizer.” O delegado Adelson Barbosa confirmou a suspeita de estelionato. A assessoria da Emlurb informou que aguardará a conclusão das investigações para tomar as medidas necessárias e se pronunciar oficialmente.

Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br