Ilustrador cria cartazes e sinopses de animações sobre o folclore brasileiro

fev 13, 2017 by

“Folclore BR apresenta” é uma série de cartazes+sinopses para brincar com mashups de grandes filmes de animação (Disney, Pixar, Dreamworks e etc) misturados as lendas brasileiras. Esse veio na onda de Moana, animação recente da Disney.

Naiá : A lenda da Vitória-Régia

Sinopse:

“Naiá é uma jovem da tribo Iandé e devota a Jaci, deusa da Lua. O que ela mais deseja na vida é poder encontra-la um dia para lhe pedir o dom de se tornar uma estrela, independente do seu custo.

Uma criatura mística desconhecida ofereceu a Naiá uma oportunidade de conseguir encontrar a divindade, mas ela deveria seguir junto dela para buscar a resposta no fundo do rio. Obstinada pelo seu desejo, Naiá seguiu os dizeres do ser misterioso e se afogou.

Compadecida sobre a situação da sua fiel seguidora, Jaci devolve a vida a jovem transformando-a numa guerreira nomeada como Vitória-Régia, a estrela das águas. Como troca, a deusa lhe atribuiu a missão de descobrir quem é a sombria criatura que lhe enfeitiçou o quais seriam seus planos.

Naiá parte numa grande aventura pela vasta floresta junto de sua parceira Jurubeba, uma femêa de Mico-Leão-Dourado.”

O autor, Anderson Awvas, conta que:

Aproveitei o conceito de Vitória-Régia que já havia feito para o projeto e levei para uma esfera alegre e aventuresca proposta no visual de Moana. Reuni alguns elementos visuais de referência inspirados no rio Amazonas (como a Pororoca), criei a ideia da tribo fictícia “Iandé” (que significa “constelação de Órion” em Tupi-Guarani) e uma sinopse baseada no conto original da Vitória-Régia.

Continuando a série “Foclore BR apresenta”, o autor, Anderson Awvas, mergulhou junto do clássico “A pequena sereia”, animação de 1989, para dar vida a uma baita repaginação da lenda da sereia Yara.

A pequena Yara

Sinopse:

Yawara é um menino que seria o próximo na linha de sucessão como líder da sua grande família. Eles descendem da tribo indígena Araúna e procuram manter suas tradições, mas também tentam se atualizar aos novos paradigmas sociais.

Em seus sonhos, Yawara consegue conversar com a entidade Naiá, também conhecida como a estrela das águas (Vitória-régia), e confessa a ela que se sente como uma menina presa em um corpo de menino e por isso não poderia liderar sua família tradicionalista. Naiá lhe diz que isso não deveria impedi-la de ser quem ela é e que o melhor seria assumir o seu grandioso destino.

Ao contar a sua mãe sobre suas vontades, seu pai ouve e surge dizendo: “Você é uma abominação! Saia daqui! Você não merece estar nesta família e muito menos me suceder! ” e ameaça ataca-la. A menina corre e no caminho se acidenta caindo no rio e é levada por uma forte correnteza.

Ela acorda no fundo do rio podendo respirar e se percebe diferente. Acolhida por seres místicos que vivem no fundo do rio, foi levada para um grande palácio que fica em um lençol freático no subterrâneo da cidade onde vive.

Neste lugar, Yara, como prefere ser chamada agora, foi recebida como uma princesa e permanece por lá por algum tempo. Ao saber que seu pai abriu uma empresa que está poluindo os rios, resolve retornar para sua cidade decidida a tomar o seu lugar, destruir a empresa e levar novos paradigmas para sua família.

Junto do emotivo Piraya, um peixe piranha vegetariano, Yara parte na mais importante jornada da sua vida em busca de reconhecimento, defesa da natureza e, paralelo a isso, tentará entender o mistério que envolve sua transformação neste ser místico cheio de habilidades.”

Segundo o autor:

Comecei a ilustra me baseando no conceito que já tinha sobre esta lenda (revelando de quem é o olho símbolo do projeto Folclore BR) e decidi incrementar com outros elementos poucos convencionais, já que a lenda original é muito confusa (mais do que o normal) por ser uma mistura das lendas das sereias europeias com algumas histórias regionais comuns na maior parte dos estados cortados por grandes rios. Inclusive numa destas histórias a Yara foi derivada de Ipupiara, que contavam ser (pasme) um “homem-peixe” que vivia a beira dos rios atraindo pessoas para devorá-las (fonte: Livros do mestre pesquisador Câmara Cascudo).

Bem, essas informações foram o suficiente para que eu pensasse em trazer um personagem trans e abrilhantar esse projeto com um pouco mais (ainda mais) de representatividade para crianças sem querer trata-las como idiotas vivendo em uma bolha (desculpa o desabafo). Além de contar toda uma trajetória das mudanças que uma mulher trans passa durante a vida de uma forma lúdica, pensei que também seria uma boa forma para discutir questões como inclusão das tribos indígenas na sociedade atual e relação com a natureza.

Quanto aos demais elementos, coloquei o peixe piranha inspirado na espécie Piraya para ser o ser mascote. Na Yara, procurei adicionar esponjas e musgos ao que seria o cabelo da Yara para dar uma ideia meio afro e a calda seria como a barbatana de um peixe beta e como ela estaria batendo as pernas daria essa impressão de que seria uma calda só (pois elas estão indo em lados opostos). Yawara significa “cachorro” e Araúna (a tribo fictícia) significa “ave preta” em Tupi Guarani.

Continuando a série “Folclore BR apresenta” (misturebas de animações famosas e o folclore brasileiro), desta vez Anderson Awvas  apresenta a Mãe d’ouro numa repaginação para se encaixar no lado oposto ao frio congelante de Frozen, animação da Disney de 2013.

Mãe d’Ouro

Sinopse:

“Após um dia agitado, Aiyra recebe a visita de Fogo Fátuo, um pássaro de fogo que diz ter a missão de leva-la ao encontro de sua mestra. Contra sua vontade, Aiyra é guiada ao encontro de Inara, sua Mãe que havia desaparecido quando era muito pequena.

Sua mãe revela sua forma e se torna uma entidade celestial conhecida entre os humanos como “Mãe d’Ouro”. Aparentemente enfraquecida, ela e lhe concede poderes para que a pequena moça de coração forte possa libertar o reino dourado existente no fundo de uma caverna. Reino este que foi dominado por um ser maligno lendário chamado Anhangá-pirau e somente Aiyra pode evitar uma catástrofe que está para eclodir.

Para cumprir esta missão ela terá a ajuda do fiel Fogo Fátuo para enfrentar vários desafios em um labirinto cheio de quebra-cabeças no interior desse reino fantástico.”

O autor conta que:

Tenho uma outra ideia para a Mãe d’ouro e queria preserva-la como uma entidade mais superiora e achei que trazendo uma nova personagem para ganhar poderes torna tudo mais interessante e menos apelativo. A Mãe d’ouro é lenda mais conhecida de regiões mais ao sul/sudeste do Brasil, geralmente representada como uma mulher com cabelos dourados que se transforma em uma bola fogo (ou vice-versa) e é defensora de jazidas de ouro que não devem ser tocadas pelo homem.

Aiyra, nome da personagem principal, significa “filha” em Tupi guarani ou uma possível variável de “A’irah” que significa “aquela que não tem dono” ou “aquela que é respeitada” em alguma língua árabe (mas não encontrei uma confirmação disso). Inara, nome dado a Mãe d’ouro na sua forma humana, veio da música do Katinguelê a princípio ^_^ , mas gostei da possibilidade dela ser uma variação de Yara.

Como referência para a história adicionei uma referência ao cerro do Jarau (que fica em Quaraí no Rio grande do Sul, divisa com o Uruguai) que é uma formação rochosa causada pela queda de um corpo celeste há milhões de anos atrás. O lugar é rodeado de lendas, claro, sendo a “Salamanca do Jarau” a mais conhecida e que conta a história de uma princesa Moura amaldiçoada que veio fugida da Espanha.

Além de reunir alguns elementos visuais de fogo e ouro fundido, decidi que separar o Fogo Fátuo numa chama azul poderia ser bom para tentar dar uma quebrada na cor e torna-lo mais interessante.

Procurando Sacy – Poster

Quarto pôster do “Folclore BR apresenta”, Anderson Awvas resolve recriar o Saci num universo sombrio em que ele não tem nada de assustador. Ele mirou em “Procurando Nemo” (Pixar, 2003) com uma pitada de “O estranho mundo de Jack” (Skellington Productions, 1993).

Procurando Sacy

Sinopse:

“Desde bebê, o jovem Ubiratã sempre ouvia seu pai lhe contar histórias da época em que ele caçava sacis quando era criança. Ele contava que saía com seus amigos para caçar esses pequenos demônios arteiros que viviam pela floresta numa região próxima à casa de seu avô.

Munidos de potes de vidro, crucifixos e tochas, eles passavam horas buscando essas criaturas que dizia serem parecidos com negrinhos de uma perna só, usando gorros e que causavam várias confusões com redemoinhos de vento que podiam provocar magicamente. Seu pai disse que eles conseguiam aprisionar vários em suas armadilhas, mas que sempre fugiam.

Ao fazer 10 anos, Ubi ganhou um pote de vidro antigo que seu pai lhe deu dizendo que era um dos potes que teve um saci capturado. O menino impressionado guardou o pote com orgulho e foi mostrar ao avô no fim de semana seguinte em sua grande casa no interior.

Após contar várias histórias, Ubirajara, seu avô, disse: “Seu pai é um mentiroso! Não acredite em nada disso! Mas coloque uma coisa nessa cabeça, garoto: JAMAIS ENTRE NAQUELA FLORESTA SOZINHO! ”.

Na madrugada do dia seguinte, ainda na casa do avô, Ubi ouviu a janela do seu quarto bater com o vento e junto da brisa que entrava ele ouviu um chamado: “Preciso de sua ajuda! ”, em forma de um sussurro. Ao chegar na janela viu dois pontos verdes brilhantes na mata que pareciam olhos, com medo, fechou a janela e voltou para a cama se cobrindo até onde pôde.

Na madrugada seguinte o mesmo evento aconteceu, mas desta vez quando ele foi fechar a janela percebeu que os pontos brilhantes estavam no canto do quarto em uma altura um pouco mais alta que ele. Ubi congelou ao ouvir: “Tudo bem, sei que isso parece assustador, mas não pretendo machucar ninguém. Estou pedindo ajuda há algum tempo e você foi o único que conseguiu ouvir e me ver”. A criatura com uma aparência de um menino-árvore, tinha uma perna só e possuía uma folha na cabeça que lembrava um gorro. “Você é um Saci?” – Perguntou Ubi. “É como vocês costumavam a nos chamar… desculpe decepcionar, sei que estou bem longe de ser um menino” – Disse o verdadeiro Sacy.

O Sacy teve toda sua família sequestrada Jurupari, o pesadelo vivo, e precisa da ajuda de Ubi para salvá-los entrando em sua caverna assustadora que está cheia de Tamokós (criaturas misteriosas) e armadilhas invisíveis para seres como ele.

O menino decide confrontar seus medos e embarcar em uma viagem arriscada onde ele irá se desarmar de todos os seus preconceitos para ajudar o Sacy a encontrar sua família e se livrar do temível Jurupari.

Amizade, respeito e empatia serão os combustíveis para essa aventura de arrepiar! ”.

O autor nos conta que:

Novamente me baseei em um conceito que eu já tinha pensado para uma nova visão do Saci dando ao personagem característica de um elemental da floresta ou um duende que se camufla facilmente entre as árvores como o bicho-pau. Levando em conta que existem lendas que dizem que ele nasceria de tronco de bambu ou seiva de uma árvore.

A ideia principal do argumento é sobre Ubi, o personagem central, que, pensando em capturar sacis, acabaria sendo “capturado” pela simpatia de um ser que não tem nada de maligno como dizem a maior parte dos contos atribuídos a ele. Junto disso, o garoto seria confrontado por todos os seus medos e preconceitos criados em sua cabeça graças as estórias que o pai lhe contava. A essência do argumento seria passar uma lição de empatia e respeito, convocando o espectador a entender a perspectiva do outro.

Tomokó” é uma lenda dos índios Wayana-Apalay que vivem no norte do Pará.  A lenda fala um pouco de empatia e amizade entre potenciais rivais e estes seres são representados com mascaras como tradição da tribo até os dias atuais.

“Sacy” é a forma original da escrita em Tupi-Guarani que foi modificada para se enquadrar nas reformas ortográficas do português (existem dezenas de outras versões criadas a partir desta, mas não oficial da língua pt-br).

“Ubiratã” (nome do garoto) seria algo como “lança forte” e “Ubirajara” (nome do avô) significa “o senhor da lança”, ambos em Tupi-Guarani (achei interessante essa relação com a arma construída da árvore).

Fonte: http://awvas.com.br/projeto/folclore-br-uma-nova-visao/

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