O neopaganismo na Estônia

out 3, 2011 by

Vinte anos após o colapso da União Soviética, a Estônia, uma das antigas repúblicas do regime comunista, mantém praticamente intacto um traço marcante dos anos em que era dirigida por Moscou – o desinteresse pela religião.
Uma pesquisa do Instituto Gallup, de 2009, indica que os estonianos são o povo menos religioso do mundo, pelo menos estatisticamente. Apenas 16% da população considera que a religião desempenha um papel importante em suas vidas (contra 99% dos habitantes de Bangladesh, os mais religiosos).

O repórter Tom Esslemont, da BBC, foi ao país báltico conhecer a espiritualidade dos seus habitantes:
A princípio, as ruas da cidade litorânea da capital estoniana Tallinn podem até dar ao visitante uma sensação distinta: cúpulas fazem parte da paisagem, sinos tocam aos domingos e hinos religiosos são ouvidos nas catedrais.
Uma olhada mais atenta, no entanto, revela a realidade da espiritualidade estoniana. Cerca de 70 dos fiéis que participavam do culto dominical da Igreja Luterana de Tallinn eram turistas holandeses. Apenas 15 eram estonianos.
O pastor Arho Tuhkru não vê a baixa frequência como um problema: “As pessoas creem, mas não querem se ligar a uma igreja. Por aqui não temos a tradição de uma família inteira vir à igreja”, disse.

Hostilidade histórica
Embora a Igreja Luterana seja a maior denominação religiosa da Estônia, ela representa apenas 13% da população do país.

A falta de interesse pela religião começa já nas escolas, onde os alunos aprendem que o Cristianismo foi imposto no país pelos invasores germânicos e dinamarqueses.
Ringo Ringvee, especialista em religião, diz que a Estônia “é uma sociedade secular onde a identidade religiosa e nacional não se cruzam”.
A língua também cumpriu um papel determinante na rejeição de muitos estonianos à religião, segundo Ringvee.
“Os luteranos falavam alemão. Os russos ortodoxos chegaram no século 19 e até o século 20 continuavam falando russo”, disse.
Com a fundação da Igreja Ordoxa Estoniana, em 1920, o culto passou a ser na língua local (com o ramo estoniano fiel ao patriarca de Constantinopla, e não ao de Moscou).
Nos anos 1940, a União Soviética anexou o país báltico. Até o fim do regime comunista, em 1991, a religião foi desincentivada pelo Estado.
Diferente de outros países, que experimentaram um reavivamento religioso após a desintegração soviética, a Estônia continuou pouco crente. Mas o desapego às igrejas tradicionais não significa que os estonianos não acreditem em nada.

Culto à natureza

A 300 km de Tallinn, no meio da floresta, um grupo de fiéis cultuam as forças da natureza.
“Somos pagãos”, diz Aigar Piho. “Nosso deus é a natureza. Você deve parar, sentar e ouvir”.

Como muitos estonianos, Piho se considera um espiritualista. Ele também é membro da comunidade Maausk, um culto pagão que venera a terra e as árvores, sem rituais pré-estabelecidos.
Durante um festival religioso, os seguidores cantam e dançam ao redor de uma grande fogueira.

Tradições como essa estão arraigadas na sociedade local, onde mais de 50% dos estonianos dizem acreditam em alguma força espiritual, mesmo que não consigam definí-la.

Folclore

Para alguns pesquisadores, no entanto, as tradições não são tão antigas quanto parecem.
“Elas são geralmente baseada no folclore do século 19 e 20″, segundo o arqueólogo Tonno Jonuk, especialista em religião pré-histórica.
“É algo que eles acreditam e seguem. Mas não é nada medieval ou anterior ao Cristianismo”, diz.

A concepção de Jonuk não é, no entanto, compartilhada pelo grupo Maavalla Koda. A organização com 400 integrantes diz ser baseada no antigo calendário rúnico (baseado em runas).
Entre os seguidores estão Andres Heinapuu e seu filho Ott. Para ambos, espiritualidade é uma experiência intensamente pessoal.
“A árvore não tem ouvido. Eu penso na questão em frente à árvore. Então, sinto que recebo a resposta”, diz. Para o estoniano, “a árvore é um sujeito, não um objeto”.

O texto acima encontra-se no site da BBC Brasil

O texto é bom pela informação, mas quem escreveu talvez não entenda sobre o movimento neopagão ou  paganismo. O titulo original era “País menos religioso do mundo, Estônia mantém o desinteresse pela religião dos tempos soviéticos”. Esse título desconsidera boa parte da rica informação que o texto trouxe. Se os dados estatísticos concederam o titulo de país menos religioso do mundo, caberia a uma análise qualitativa para explanar o porquê disso.

Pelas informações contidas no texto, o titulo é inapropriado. Se no texto diz que 50% da população acreditam em alguma força espiritual, mesmo que não consigam definí-la. E segue demonstrando o reavivamento das antigas tradições pagãs religiosas estonianas. Nunca que a Estônia mantém o desinteresse pela religião dos tempos soviéticos!!!

Também, a legenda descritiva da foto postado no texto, que é a primeira foto postada aqui, diz: “Para alguns especialistas, os cultos pagãos são parte do folclore, e não uma tradição antiga”.

A UNESCO declara que folclore é sinônimo de cultura popular e representa a identidade social de uma comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais, e é também uma parte essencial da cultura de cada nação.
O escritor parece querer reduzir os cultos pagãos (e o correto aqui seria neopagãos) a contos de carochinhas, na medida em que ele faz diferença entre folclore e tradição antiga. Ora, tradição antiga é folclore! O que o especialista simplesmente quis dizer é que as tradições que esses grupos neopagãos buscam e seguem, não são puras, da fonte, ou seja diretamente pré-cristã, mas que é sincretizada, baseada no folclore do século 19 e 20.

Comentários

  1. Anonymous disse:

    SOU ATEU E ACHO MUITOS DESSES MOVIMENTOS NEOPAGÃOS JÁ CONTAMINADOS COM VALORES QUE NÃO EXISTIAM NA ERA PAGÃ COMO IDOLATRAR O OUTRO NO SEU ESTADO EVOLUTIVO MAIS INFERIOR/SIMIESCO-BESTIALIZANTE POR EXEMPLO..